No momento, você está visualizando O sofrimento e as reações psicológicas após o diagnóstico de Lupus.

O sofrimento e as reações psicológicas após o diagnóstico de Lupus.

Neste artigo, venho levantar uma questão importante para o tratamento psicológico de mulheres portadoras de Lupus Eritematoso Sistêmico, qual seja: o significado cognitivo e emocional das pacientes que receberam o diagnóstico dessa doença. Tomei como referência central um artigo (abaixo referido) e seus resultados, que, embora estudado em uma amostra parcial, pode ser um ponto para o debate. Além dessa referência central, tomei como eixos os enunciados do Sociedade Brasileira de Reumatologia, que dispões de várias matérias e discussões sobre o assunto, bem assim de outros temas abordados no eixo “Psicologia, Saúde & Doença” da plataforma Scielo Portugal, versão impressa ISSN 1645-0086)

Feitas as referências autorais e respeito aos estudos científicos, segue um sintético artigo de minha autoria sobre o tema proposto.

Para a maioria das pessoas entrevistadas, falar sobre a sua doença inclui o período que antecede o aparecimento dos primeiros sintomas. Segundo eles, a pré-doença foi caracterizada por dificuldades e conflitos no ambiente familiar, profissional e escolar, ou marcada pela vivência de intensa ansiedade, derivada de uma separação ou da morte de um ente querido. Também foram recorrentes conversas sobre mudanças de residência, cidade-estado, estilo de vida, estado civil, bem como períodos de maturação humana (puberdade) e gravidez (exercício da maternidade). Pensa-se, portanto, que os elementos usuais de sofrimento na fala dos entrevistados sinalizam a existência de algo que era fonte de sofrimento muito antes de adoentar. Como dito acima Entrevistados com diagnose de lúpus “Confrontando a incontrolabilidade e a fragilidade da condição humana.”. Assim, o sujeito humano, incompleto, quando adoece, vê exposta a sua fragilidade consigo mesmo e com os outros ” (Moura, 2003, pp. 17-18). Estabelece-se, assim, um momento de contingência para o sujeito adoentado, no qual desaparece a previsibilidade que antes reinava. Ou seja, a familiaridade do corpo dá lugar ao horror da estranheza da doença algo estranho que habita quem sofre o impacto de manifestações sintomáticas que revelam o corpo real sem representação simbólica e sem palavras que contenham a natureza inassimilável. do fenômeno do adoecer.

Para outras entrevistadas, o adoecimento é precedido de luto, como a separação do cônjuge ou dos pais ou a morte de entes queridos, de situações conflituosas que evocam, como a puberdade, algo traumático para essas meninas e acontecimentos por meio dos quais o ato de nomear, isto é, a criação de significados, era limitada pela ausência de significantes capazes de explicar o que lhes acontecia ou de criar formas menos dolorosos de escapar dos acontecimentos traumáticos que os afligiam. Assim, perante um encontro traumático com a realidade da sexualidade emergente durante a puberdade ou perante a realidade da perda adoecer poder ser uma resposta física ao encontro angustiante, um resultado plausível face à ameaça de ruptura da relação”.. ”psicologicamente causado pela vivência do trauma” (Fonseca, 2007, p. 235).

O estranhamento e a dor que ocorrem durante o processo de adoecimento em relação às alterações na imagem corporal são destacados no seguinte depoimento de uma jovem entrevistada:. Evite ir à praia porque me sinto muito tímida. Até nos relacionamentos eu tinha vergonha das manchas, terrível! Esses pontos me confundem completamente. Não, eles me confundem completamente. Eles me causaram muito sofrimento. ”. Para este participante Admitir seu corpo defeituoso trouxe muita dor e vergonha. Na análise das entrevistas também foi possível observar o estranhamento dos participantes diante da diagnose de lúpus. Estas descobertas sugerem que a consciência das doenças crónicas não surge sem dificuldades. Semelhante a esta afirmação, introduzimos um trecho da entrevista de uma participante “Não importa o quanto você admitido, sempre haverá um problema de doença crônica. Não é que se esqueça de uma doença dessas, não é possível esquecê-la, às vezes ela trespassa despercebida na vida mas quando a gente lembra ela nas causa uma grande preocupação. ”. Esta história mostra que para esta mulher Adotar uma nova imagem subjetiva que contenha as marcas associadas à doença crónica não é um ato de assimilação sem sofrimento. Os entrevistados descreveram que com o aparecimento dos primeiros sintomas, iniciou-se a peregrinação de diversos médicos especialistas, dermatologistas, infectologistas, endocrinologistas, hematologistas, em busca de respostas para suas enfermidades corporais. Como observamos anteriormente, quando se trata de LES, a diagnose não é simples, muitas vezes é estabelecido após consulta a profissionais de diversas especializações.

A maioria dos participantes teve dificuldade para receber a diagnose de lúpus e o estudo levou anos. Algumas pessoas são diagnosticadas incorretamente e iniciavam inadequadamente um tratamento que apenas alivia os sintomas clínicos, mas não reverter os danos causados ​​pelos medicamentos. Este último ponto surge na história de um dos entrevistados: “Aqui eu fui primeiro ao dermatologista, foi o infectologista que me mandou para cá, porque eu estava tomando os remédios errados, me diagnosticaram com hanseníase e só o meu quadro ficou pior.”. O diagnóstico de lúpus impactou a vida deles e o sofrimento apareceu com a notícia, como mencionou outra participante: “Iniciei a chorar desesperadamente, me conversar que eu não poder ter filhos e isso me deixou triste, foi assustador. Eu não vou admitir isso. Antes da minha vida ser despertada, de repente devido ao tratamento Então tive que deixar tudo para trás para cuidar de mim mesma. ”. O relato revela aspectos do impacto da diagnose na vida dos entrevistados, para quem as mudanças esperadas em decorrência do tratamento ocasionaram medo.

Apesar das estratégias terapêuticas utilizadas no serviço de reumatologia onde foi realizada a pesquisa a forma como cada sujeito responde ao diagnóstico está essencialmente ligada à sua subjetividade (Moretto, 2007). Se levamos em conta o peso da história dos pacientes na relação com a doença podemos dizer que, para os participantes, o início do adoecimento e do tratamento foi marcado por um sofrimento que marcou seus cadáveres com sinais. aconselhamento médico firme e oculto, dificuldades de assimilação do presente e dúvidas sobre o futuro.

Apesar de partilharem a mesma patologia, os mesmos sintomas e até o mesmo tratamento (medicação, dosagem), o simbolismo do lobo para cada um deles carrega o estatuto único de um enunciado, de uma articulação narrativa que ocorre durante a seu histórico de doença, experiência de doença. Ao consideramos a perspectiva do sujeito, entramos em contato com o desenvolvimento de uma conjectura do indivíduo sobre o desenvolvimento de sua doença, que possui significados, emoções, sentimentos, etiologia e remissão únicos.

FONTES: https://www.scielo.br/j/pe/a/V7wKS7zFMgNsYr5M5SdXNtG/?lang=pt, https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/lupus-eritematoso-sistemico-les/, https://www.facebook.com/falandodelupus/

Deixe um comentário

Fechar menu